Eyppi: conheça a banda de rock paulista

A banda contou sobre o amor pela arte e também as dificuldades em ser independente

Com mais de uma década de existência, no último ano a banda de rock Eyppi ganhou novos integrantes e lançou o álbum Bem Maior. O grupo é composto por Jéssica Martins (vocal), Anna Maria Cezar (baixo), Adriano Mika (bateria) e Jefferson Willians Cezar (guitarra).

Após a pandemia, o retorno da banda aconteceu com a música Medos, lançada em setembro de 2022. Nesta entrevista, conversamos com o grupo para entender melhor sobre a história da banda e também os objetivos futuros. Confira a seguir:


O Prefácio: Qual o significado do nome Eyppi?


Jéssica Martins: Eyppi vem de epifania, aquela ideia que vem do nada. O nome veio pra gente como a solução que precisávamos.


OP: Como e onde vocês se conheceram?

Anna Maria Cezar: Eu conheço o Adriano (Mika) desde os meus 10/11 anos de idade. Ele era amigo de colégio do meu irmão (Jefferson). Vire e mexe ele me chamava para tocar com ele e, em um lindo dia, me apresentou a Jéssica e eles me convidaram para entrar para Eyppi. Acho que gostaram de mim!
Jéssica Martins: Conheci o Mika primeiro em 2014, mas não rolou de primeira. Em 2015 nos encontramos e ele disse que tinha uma amiga baixista, a Anna. Primeiro ensaio rolou legal e seguimos.
Jefferson Willians Cezar: Sempre fui amigo do Mika, estudamos juntos e por causa da minha irmã Anna pude conhecer a Jéssica.
Adriano Mika: Conheci a Jéssica por indicação da Preta, ex-integrante da Banda “Depois do Fim” (DDF), em 2013/2014 para entrar na banda, mas em um primeiro momento não pude ficar. Depois retomamos o contato em 2015 e dessa vez foi para ficar.


OP: Essa é a formação original?

Anna Maria Cezar: Eu estou na banda desde 2015, tivemos algumas mudanças, mas particularmente essa é a minha formação favorita. Poder tocar com amigos, ainda mais agora com o meu irmão Jefferson, é um privilégio.
Jéssica Martins: Da primeira formação de 2011, somente eu fiquei, mas acredito que essa seja a melhor formação que já tivemos. Ainda mais com a entrada do Jeffeson, tudo ficou do jeito que [eu] imaginava.


OP: Como foi para vocês a pandemia e o fato de ficarem sem poder fazer shows?

Anna Maria Cezar: Acredito que agora, depois de toda essa fase complicada que passamos, as bandas precisaram se unir e pensar em novas formas de continuar com as divulgações e shows de banda autoral.
Jéssica Martins: A gente estava em processo de gravação, então não estávamos tocando. O foco era "BEM MAIOR", mas vimos o nosso setor sofrer bastante. Bandas acabando, lugares fechando e milhares de vidas perdidas, foi uma fase tensa.
Adriano Mika: Muito complicado, pois atrasou o lançamento do nosso novo trabalho.


OP: E como foi o retorno após a pandemia?

Anna Maria Cezar: A gente planeja e planeja, mas não tem jeito, as coisas acontecem quando devem acontecer. Os primeiros shows foram ótimos com uma energia muito boa. O feedback está sendo muito bom.
Jéssica Martins: A volta foi incrível. A galera cantando e pulando "BEM MAIOR" foi surreal. Demorou, mas valeu a pena.
Jefferson Willians Cezar: Para mim está sendo muito surreal, pois está sendo a minha primeira experiência em shows como guitarrista e, depois de ficar tanto tempo sem sair de casa e agora voltar fazendo um show, está sendo mais surreal ainda.
Adriano Mika: Estamos no começo dessa nova jornada e ficamos felizes em estar de volta tocando com nossa banda e vendo que o rolê todo segue firme e forte como sempre.


OP: O lançamento do novo disco teve influência da pandemia? Quem escreveu as músicas? Como foi o processo? A inspiração?

Anna Maria Cezar: Eu sempre compus, então essas músicas vieram bem antes da pandemia. As músicas que eu fiz foram: Medos, Bem Maior, Eu Sou!, Mais um dia ou dois e Ganância; fora as duas que eu fiz com a Jéssica: Everest e Morada. O meu processo de composição é meio estranho, às vezes vem primeiro a sequência das notas com a melodia de voz e só depois vem a letra. Às vezes a música vem inteira de uma vez. Eu me inspiro muito nas minhas experiências e na vivência de pessoas próximas a mim.
Jéssica Martins: O processo de escrita do disco começou bem antes da gente imaginar a possibilidade de uma pandemia acontecer! Eu escrevi O que eles querem eu não tenho, Ninguém Sabe e escrevi Everest e Morada com a Anna. As demais músicas levam assinatura dela. As músicas que fiz sozinha eram muito do que estava vivendo em 2019 e eu já vinha querendo escrever diferente do último EP. E o disco como um todo ficou muito diferente do EP Enquanto Sol Brilhar.


OP: Como chegaram no nome Bem Maior e qual a mensagem que vocês querem que os fãs e ouvintes tenham ao ouvir o novo disco?

Anna Maria Cezar: Bem Maior é uma música sobre esperança e persistência, então achamos que seria um bom resumo da mensagem que queremos passar com o disco. Bem Maior é sobre a vida adulta. Planejamos sabendo que não podemos romantizar as coisas, vamos passar por dificuldades, mas não podemos parar de correr atrás do que a gente quer.
Jéssica Martins: Bem Maior vem pra falar de sonhos e medos ao mesmo tempo. Quando você escuta por completo, isso fica evidente. Tem coisas que vamos passar, faz parte do processo e, no final, vai ficar tudo bem.


OP: A música Medos fala muito de sombras e de pensamentos que podemos atrair. Qual a mensagem que fica e como foi produzi-la?

Anna Maria Cezar: Medos foi uma música que eu fiz em um momento complicado da minha vida (acho que deixei bem claro na música). Considero Medos muito honesta! Todo mundo em algum momento da vida já se viu bem fragilizado, com pensamentos negativos. Mas o que eu gosto mesmo é do resultado que veio dessa música. Como meu irmão (Jefferson) contribuiu na guitarra, como o Mika contribuiu na bateria, como a Jéssica conseguiu interpretar o que pensei e como o pessoal está se identificando e cantando nos shows. É uma prova de que como coisas ruins acontecem, mas coisas boas também podem acontecer.
Jéssica Martins: Medos é uma caneta da Anna, ela pode falar melhor sobre. Mas pra mim, colocar a voz nessa música foi demais, muita coisa rolando e todos os medos e incertezas ali na sua cara. Espero ter atingido o sentimento que a letra propõe.
Adriano Mika: Falando da parte de bateria, eu posso dizer que é a minha preferida para tocar devido ao groove não muito usual que trouxe uma característica muito própria para todo o instrumental.


OP: Como foi a gravação do clipe Medos?

Anna Maria Cezar: Foi um dia muito divertido! Eu confesso que estava tensa demais, mas depois fiquei mais tranquila. Conseguimos passar bem a ideia da música, e o time com quem gravamos foi sensacional.
Jéssica Martins: Foi engraçado! A gente tinha ensaiado apenas uma vez, depois do processo de gravação, e de repente estávamos gravando um clipe com um pessoal super legal do rolê. Mas, no fim das contas, eu gostei demais da experiência e não vejo a hora de gravar de novo.
Adriano Mika: Foi um dia leve e muito bom, pois gravamos com dois caras altamente profissionais: Luringa e o Ivan. Posso dizer que foi um sonho realizado gravar com os dois por serem nomes muito importantes para o rock BR.


OP: Quais expectativas da Eyppi com lançamento do novo disco?

Anna Maria Cezar: Espero que as pessoas se identifiquem com o disco, com a mensagem que queremos passar e que elas gostem o suficiente para irem aos shows e cantar com a gente.
Jéssica Martins: Chegar em mais pessoas parece meio clichê, mas saber que a música está chegando em mais pessoas faz a gente acreditar que tudo valeu a pena. Essa é a melhor formação que a Eyppi chegou! A entrada do Jefferson deu um respiro absurdo de 'Ei conseguimos sim ir mais longe'.
Jefferson Willians Cezar: Minha expectativa é tocar muito, divulgar ao máximo esse trabalho e conhecer a galera do role, o circuito das bandas e tal.
Adriano Mika: Que todo o Brasil possa escutá-lo e que nossa mensagem possa levar bons sentimentos para as pessoas e também que elas apareçam em nossos shows (risos).


OP: A cena independente costuma não ser tão favorável às bandas de rock. Quais as dificuldades que a banda já passou nesse cenário e quais as maiores motivações da banda?

Anna Maria Cezar: Acho que a maior motivação é o amor pela arte, amor pela música. Mesmo sem incentivos, mesmo sem espaço, a gente procura criar formas de fazer as coisas acontecerem.
Jéssica Martins: Banda independente sempre está com a grana contada. Isso faz a gente correr atrás de meios para fazer algo acontecer. Precisamos do apoio de todos e ir conquistando espaço, assim, as grandes oportunidades virão. Essa volta da pandemia fez com que vários lugares fechassem, então arriscamos nós mesmos em produzir nosso próprio show. Até agora tivemos boas experiências e vamos continuar indo atrás de conquistar mais espaços.
Adriano Mika: A maior motivação, na minha opinião, é estar entre amigos e ter algo do que me orgulhar e defender. Pela banda, posso defender minhas ideias e meus sonhos, e fazer parte de um projeto que é BEM MAIOR do que nós individualmente. De fato, a cena não está fácil, nunca foi. Conciliar o trabalho que me sustenta com a banda é algo duro, muitas vezes preciso sair do trampo para tocar ou ir para o trampo depois de tocar (risos). Mas é assim mesmo, precisamos pagar o preço e fazer alguns sacrifícios para manter a chama acesa.


OP: Como vocês enxergam a trajetória da banda Eyppi até hoje?

Anna Maria Cezar: O tempo passa e a gente muda com ele, não temos como evitar. Acho que amadurecemos bastante, individualmente e como banda. E todo esse processo reflete nas músicas.
Jéssica Martins: Acredito que todo trabalho tem sua importância, e Bem Maior é o resultado disso. Essa construção de anos, o amadurecimento nas melodias e nas letras estão bem evidentes.
Adriano Mika: Somos muito melhores como pessoas depois de tanto tempo de convívio. Pela banda perdemos noites de sono, muito dinheiro, relacionamentos e parte de nossa saúde mental, mas posso olhar para trás e ver que desde o primeiro dia não estava sozinho e, como qualquer banda, tivemos nossos erros, tropeços e muitos acertos. Hoje estamos muito mais maduros em relação a quando nos conhecemos e aceitamos o compromisso de ter uma banda séria.


OP: Quais os planos e projetos para 2023?

Anna Maria Cezar: O plano é continuar divulgando, fazendo shows, conhecendo gente nova e gravar um novo clipe.
Adriano Mika: 2023 com ainda mais shows e espalhando o nosso som por esse Brasil varonil e, quem sabe, um novo clipe.


OP: Existe alguma curiosidade que vocês gostariam de compartilhar?

Anna Maria Cezar: Essa é a primeira vez que composições minhas são gravadas. Eu ficava compondo e cantando sozinha no meu quarto e agora ter essas músicas nas plataformas e ver o pessoal cantando junto está sendo surreal demais (risos).
Jéssica Martins: O Jefferson é irmão da Anna e estava em todas com a gente desde 2015. Quem diria que ele toparia entrar? (risos) Foi uma grata adição a banda!
Jefferson Willians Cezar: Essa é a minha primeira banda como guitarrista e o convite para entrar na banda rolava desde sempre, mas acabei entrando por livre e espontânea pressão (risos). No fim das contas, está sendo uma experiência incrível e a realização de um sonho. Só tenho a agradecer, meus companheiros!


Instagram da banda: @eyppioficial

Clipe Oficial - Eyppi "Medos"